A ESTRADA E A ARTE

A ESTRADA E A ARTE
À frente a estrada e o desafio de percorrê-la. Escolhas e inseguranças diante do novo. Dúvidas e medos. Há muito a fazer, a estrada é longa. Não é bom perder tempo, mas é difícil começar. O medo paralisa.
Vou também percorrer esta estrada. Minha intenção é ajudar, embora não tenha a pretensão de ser guia.
Estarei de mãos dadas, buscando os caminhos.
Às vezes, a estrada fica cheia de pedras. Anda-se devagar. É preciso removê-las, ou tentar um desvio.
Em outras, o caminho parece estar florido. Tão florido, que a emoção e alegria não conseguem ficar no peito e se derramam pelos olhos.
Existem ainda os trechos escuros. É preciso tato. Necessário aguçar outros sentidos. Atenção.
Erros e acertos. Não há como aprender sem tentar.
Assim, aprendendo, caminhamos.
O sol reaparece e afirma que a busca é eterna. Não existe fim no aprender.
Curiosidade, desejo de conhecer: alimento da alma.
E, por fim, a ARTE. A arte da busca pela linguagem que integra, que troca, que tem sentido, que comunica, que vincula.
Adquirir linguagem, desenvolver linguagem, aprender linguagem escrita: a grande arte da comunicação.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CRIATIVA DE PLANTÃO

Bem, estou aqui cheia de coisas para ler, estudar (etc, etc) e alguém compartilha no facebook uma foto de uma tabuada muito legal, feita com sucata. Eu gostei muito e, embora meu "juízo" fique me dizendo "criatura, vai estudar!", eu fui dar uma olhadinha na página de origem (não aguento, né??).
E aí... GRATA SURPRESA! A autora, Cleudiniz Nunes, é muuuuuito criativa!! Eu amei muitas coisas que estão lá!!!
Quem disse que as coisas feitas com sucata tem que ser "mais ou menos"?
O QUE ELA FAZ É LINDO! 
Vale a pena conferir! Se quiser ver tudo, entre na página dela no FB: https://www.facebook.com/JogosDeSucataNaSalaDeAula

Mas eu vou colocar algumas coisas de vez em quando, porque vale a pena MESMO divulgar os trabalhos lindos desta CRIATIVA DE PLANTÃO!!

Começando pelo dominó que serve para trabalhar leitura:

O dominó de caixa de sabão em pó, pode ser utilizado como recurso de leitura, combinando parágrafos ou associando leitura e imagem (em Linguagem), ou fazendo a associação de valor X quantidade (Em Matemática). Para confeccioná-lo é necessário ter 28 caixas de sabão em pó - 500g. As regras são as mesmas de um dominó comum.


Muito legal, não acham??

terça-feira, 6 de agosto de 2013

"PAPO" SOBRE AUTISMO

Encontrei um blog fantástico há 3 dias e não consigo parar de ler seu conteúdo, até já coloquei na lista de links recomendados. É o blog Lagarta vira Pupa, da Andréa Werner Bonolli, a mãe de Theo, um lindo menino que faz parte do espectro do autismo. 
O blog é lindo, ela escreve com uma sensibilidade incrível, com senso de humor e, além disso,  compartilha muitas informações preciosas! Uma dádiva, portanto!
Há duas semanas, no dia 23 de julho, ela colocou no ar o "Lagarta vira Papo", uma conversa em vídeo-conferência com a psicóloga Thais Boselli e com a contribuição de outra mãe, a Silvia Ruiz. Elas responderam dúvidas de outras famílias, trocaram ideias e o "papo" foi muito, muito rico.
Confesso que cheguei a fazer anotações, sim... como fazemos quando assistimos uma aula ótima!
Tenho pesquisado muito sobre autismo nos últimos meses. E tudo começou porque no ano passado, depois de anos de consultório, chegou uma criança para avaliação, na qual observei alguns traços. Não me senti suficientemente preparada para atender esta criança, esta família, e encaminhei. Pouco tempo depois, outro caso, que também encaminhei. Quando chegou o terceiro caso, iniciei a avaliação imaginando ser um atraso específico de linguagem. A mãe já me conhecia. Eu fiquei completamente apaixonada pelo menino. Então, considerei: "está acontecendo alguma coisa aqui! Em tantos anos, nunca tinha acontecido isso... agora tantos casos. Devo ter alguma coisa para aprender com isso"...
Resolvi, então, "abraçar"... estudar, buscar mais. Estudar, estudar, estudar. Porque envolve uma responsabilidade enorme! E já estamos completando um ano de atendimento, com resultados lindos, emocionantes. 
Eu fui escolhida também... não como mãe, mas como alguém que tem algo a fazer pelo autismo. E abracei a causa, com amor. Obrigada, Lu!!!
Hoje, estou estudando mais sobre duas abordagens terapêuticas bem distintas, para não dizer que são contrárias. 
Uma delas é SON-RISE e a outra é o ABA (Análise Aplicada do Comportamento). Elas são praticamente opostas. Inicialmente, sobre ABA, fiquei até um pouco chocada, por me parecer um "adestramento" como elas contam no hangout que compartilho com vocês. Mas a psicóloga Thais Boselli, especialista em ABA, demonstrou uma sensibilidade com a qual me identifiquei bastante. E esta abordagem tem sido referida como comprovadamente eficaz nestes casos. 
SON-RISE, confesso, é mais "a minha cara", baseada no lúdico, na interação, nos momentos em que a criança dá  o "sinal verde" para a interação e a aprendizagem.
Estou tentando aprender o máximo possível sobre as duas, para poder aprofundar depois.
Enfim, mas o "papo" não é sobre minhas escolhas. E sim, sobre o "papo" excelente que está disponível no YouTube. 
E, já assinei o blog da Andréa, então devemos ficar sabendo quando será o próximo hangout para participarmos também!







sexta-feira, 2 de agosto de 2013

SOBRE O DSM-5

A revista Veja desta semana trouxe uma reportagem que trata das alterações do DSM-5 em relação ao DSM-IV, incluindo, entre outras, questões relacionadas ao diagnóstico do autismo e do TDAH.
O DSM-5 será publicado no dia 18 de agosto.

Mas... o que é DSM? É a sigla em inglês que significa Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, documento produzido por membros da Associação Americana de Psiquiatria (APA) e seguido por médicos do mundo todo. Nele, estão listadas e descritas todas as categorias do que a APA considera como um distúrbio psiquiátrico.

As alterações realizadas no documento estão sendo alvo de muitas discussõs, não havendo um consenso entre os psiquiatras. Existem grupos de profissionais que defendem o novo manual, pois apresenta maior detalhamento em relação a alguns sintomas e classificações mais simplificadas, como é o caso do Transtorno do Espectro Autista, e existem outros grupos que apresentam críticas fortes às mudanças, defendendo que podem ocorrer falsos diagnósticos. 

Um dos críticos, Allen Frances, que é psiquiatra da Universidade Duke, nos Estados Unidos e foi presidente da comissão do DSM-IV, atribui a seu manual parte da culpa por uma "falsa epidemia", como classifica, por exemplo, o aumento da prevalência de crianças bipolares. 
Frances afirma que "Durante as duas últimas décadas, a psiquiatria infantil já provocou três modismos — triplicou o transtorno de déficit de atenção, aumentou em mais de 20 vezes o autismo e aumentou em 40 vezes o transtorno bipolar na infância. Esse campo [a psiquiatria] deveria se sentir repreendido por esse triste currículo e deveria empenhar-se agora para educar os profissionais e o público sobre a dificuldade de diagnosticar as crianças com precisão e sobre os riscos de medicá-las em excesso. O DSM-5 não deveria adicionar uma nova desordem com o potencial de resultar em um novo modismo e no uso ainda mais inapropriado de medicamentos em crianças vulneráveis", escreveu Frances em sua coluna no Huffington Post.

Enquanto lia, fiquei me perguntando: Será que o DSM-IV provocou falsas epidemias ou melhorou os critérios diagnósticos?
É exatamente a melhora nos critérios diagnósticos, contemplando sintomas que antes não tinham classificação, ou que tinham inúmeras classificações, o que defendem os membros do grupo responsável pelo DSM-5. 
Acredito que o bom senso do profissional habilitado para o diagnóstico também esteja sendo considerado. A formação dos psiquiatras deve permitir que os detalhes importantes também sejam tratados como relevantes.

Confira, a seguir, algumas mudanças, disponibilizadas no site de Veja:

AUTISMO

Como era: O transtorno autista, síndrome de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação eram quatro categorias de diagnóstico separadas.
A mudança: O DSM-5 terá uma nova classificação chamada "transtorno do espectro autista", que vai abranger essas quatro condições. "O 'transtorno do espectro autista' reflete um consenso científico de que essas quatro doenças separadas são, na verdade, uma mesma condição com diferentes níveis de gravidade dos sintomas", disse a APA (Associação Americana de Psiquiatria) em comunicado. De acordo com a Associação, o "transtorno do espectro autista" se caracteriza por "déficits em comunicação e interação sociais" e "conduta, atividades e interesses restritivos repetitivos". O manual quer simplificar o diagnóstico de autismo, mas vai fornecer aos médicos exemplos de pacientes que se enquadram em cada um dos quatro tipos de condições integradas no transtorno do espectro autista. A comissão responsável pela nova revisão do DSM-5, porém, estima que essa mudança poderia excluir 10% dos casos de autismo já diagnosticados. No entanto, a APA garantiu que o manual vai reforçar que todas as pessoas já diagnosticadas com autismo ou síndrome de Asperger continuarão com o diagnostico após o DSM-5.

HUMOR INSTÁVEL

Como era: Depois da publicação do DSM-IV, em 1994, houve um aumento excessivo de diagnósticos de transtorno bipolar em crianças. Em 15 anos, esse número aumentou em cerca de 40 vezes, o que acabou criando uma "falsa epidemia" de bipolaridade entre pacientes infantis, segundo Allen Frances, presidente da comissão do DSM-IV. Muitas crianças que apresentavam humor instável foram diagnosticadas com a doença e medicadas com antipsicóticos mesmo sem corresponderem aos critérios para diagnóstico de transtorno bipolar.
A mudança: Os responsáveis pelo DSM-5 decidiram criar um novo diagnóstico para crianças que têm problemas em estabilizar o humor, mas que não são bipolares. Foi assim que surgiu o transtorno disruptivo de desregulação do humor, que inclui jovens de cinco a 18 anos de idade que apresentarem episódios frequentes (três vezes por semana e durante um ano ou mais) de irritabilidade e descontrole comportamental. A criação dessa desordem, porém, não impede que crianças sejam diagnosticadas como bipolares.

TDAH (TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE)

Como era: O DSM-IV descreve 18 sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), sendo que eles estão divididos em dois núcleos: os relacionados à falta de atenção e os relacionados à hiperatividade/impulsividade. Para ser diagnosticada com a condição, uma criança precisava apresentar pelo menos seis sintomas de um dos núcleos — e o surgimento desses sintomas que causaram algum tipo de dificuldade deveria ter ocorrido antes dos sete anos de idade.
A mudança: O DSM-5 manterá os 18 sintomas relacionados ao TDAH, mas alterou a faixa-etária em que eles devem surgir dos sete para os 12 anos de idade — ou seja, estendeu os anos em que é possível surgir o transtorno. De acordo com a APA, essa decisão foi baseada em pesquisas que mostraram que não há diferenças clínicas (gravidade do problema e resposta ao tratamento, por exemplo) entre crianças diagnosticadas com TDAH antes dos sete ou dos 12 anos. Críticos da decisão, porém, temem que essa alteração vá aumentar de forma excessiva o número de adultos diagnosticados com TDAH.



quarta-feira, 31 de julho de 2013

O ESPECTRO DE MANIFESTAÇÕES AUTÍSTICAS

Vou compartilhar uma explicação MUITO clara e fácil, disponível em um material da ABRA (Associação Brasileira de Autismo), que está disponível no site deles, para Download. 
Estas informações são importante para desmitificar o autismo, já que sua incidência é alta (pesquisas apontam que seja de 1 para cada 88 pessoas até 1 para cada 150) - a variação acontece devido ao uso de diferentes metodologias. O mais importante é que o diagnóstico seja feito precocemente, pois isso aumenta muito a chance de reabilitação destas crianças tão especiais!



O ESPECTRO DE MANIFESTAÇÕES AUTÍSTICAS
O autismo não é uma condição de “tudo ou nada”, mas é visto como um continuum que vai do grau leve ao severo.
A definição de autismo adotada pela AMA, para efeito de intervenção, é que o autismo é um distúrbio do comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades:
1. Dificuldade de comunicação - caracterizada pela dificuldade em utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e modulação na linguagem verbal.

Portanto, dentro da grande variação possível na severidade do autismo, poderemos encontrar uma criança sem linguagem verbal e com dificuldade na comunicação por qualquer outra via - isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial incompreensível para os outros e assim por diante - como podemos, igualmente, encontrar crianças que apresentam linguagem verbal, porém esta é repetitiva e não comunicativa.
Muitas das crianças que apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o que lhes foi dito. Este fenômeno é conhecido como ecolalia imediata.
Outras crianças repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes; é a chamada ecolalia tardia.
É comum que crianças que têm autismo e são inteligentes repitam frases ouvidas anteriormente e de forma perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente nestes casos, o tom de voz soe estranho e pedante.

2. Dificuldade de sociabilização - este é o ponto crucial no autismo, e o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na 
discriminação entre diferentes pessoas.

Muitas vezes a criança com autismo aparenta ser muito afetiva, por aproximar-se das pessoas abraçando-as e mexendo, por exemplo, em seu cabelo, ou mesmo beijando-as, quando na verdade ela adota indiscriminadamente esta postura, sem diferenciar pessoas, lugares ou momentos. Esta aproximação usualmente segue um padrão repetitivo e não contém nenhum tipo de troca ou compartilhamento.
A dificuldade de sociabilização, que faz com que a pessoa com autismo tenha uma pobre consciência da outra pessoa, é responsável, em muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é um dos pré-requisitos cruciais para o aprendizado, e também pela dificuldade de se colocar no lugar do outro e de compreender os fatos a partir da perspectiva do outro.

3. Dificuldade no uso da imaginação - se caracteriza por rigidez e inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e comportamento da criança. Isto pode ser exemplificado por comportamentos obsessivos e ritualísticos, compreensão literal da linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em processos criativos.
Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de criatividade e pela exploração peculiar de objetos e brinquedos. Uma criança que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um brinquedo. Em crianças que têm autismo e têm a inteligência mais desenvolvida, pode-se perceber a fixação em determinados assuntos, na maioria dos casos incomuns em crianças da mesma idade, como calendários ou animais pré-históricos, o que é confundido, algumas vezes, com nível de inteligência superior.
As mudanças de rotina, como mudança de casa, dos móveis, ou até mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas destas crianças.

Material, na íntegra, disponível em:
http://www.autismo.org.br/site/images/Downloads/7guia%20pratico.pdf